Como Evitar Ambientes de Trabalho Tóxicos e Reduzir Afastamentos
- apnegre
- 25 de mar.
- 3 min de leitura

Teve uma época da minha vida em que eu chorava antes de ir trabalhar. Não era porque eu não gostava da minha profissão. Pelo contrário. Mas a forma como era tratada naquele ambiente… a pressão, os gritos, o medo constante de errar. A sensação era de estar sempre pisando em ovos.
O que teria feito diferença? Uma liderança mais humana. Escuta. Pausas respeitadas. E principalmente: um olhar atento aos riscos psicossociais.
Hoje, depois de anos na advocacia, posso afirmar: empresas que ignoram o clima interno pagam caro. Seja em afastamentos, ações trabalhistas ou em rotatividade de funcionários.
Checklist de um ambiente de trabalho tóxico
Você é empresário ou gestora de equipe? Preste atenção nesses sinais:
Sinais de alerta:
Excesso de carga horária e horas extras como regra
Falta de pausas para descanso ou refeições
Metas inalcançáveis que causam esgotamento
Práticas de assédio moral (gritos, humilhações, ironias)
Comunicação agressiva ou autoritária
Falta de reconhecimento e incentivo
Ambientes assim afetam diretamente a saúde mental dos colaboradores, elevam os índices de afastamentos por doenças ocupacionais e aumentam os passivos trabalhistas.
3 exemplos práticos de ambientes tóxicos:
1. Metas inatingíveis e cobrança abusiva
Uma loja de varejo estipulava metas irreais. Quem não alcançava, era exposto em grupo de WhatsApp com emojis de “vergonha alheia”.
🔧 Solução: Reavaliar metas com base em dados reais, promover treinamentos e instituir práticas de feedback construtivo.
2. Falta de pausas e excesso de jornada
Em um escritório, os funcionários eram pressionados a trabalhar no horário de almoço para “dar conta” das entregas.
🔧 Solução: Estabelecer pausas obrigatórias, fazer gestão de tempo com clareza e reforçar o direito ao intervalo com lideranças.
3. Assédio moral disfarçado de “brincadeira”
Um gestor fazia piadas recorrentes com o peso de uma funcionária em reuniões. Ela adoeceu e foi afastada por depressão.
🔧 Solução: Treinar lideranças em comunicação não violenta, criar canal seguro de denúncias e aplicar advertências formais.
O que a lei diz sobre ambientes tóxicos e saúde mental
A empresa tem responsabilidade legal sobre o bem-estar no ambiente de trabalho. E negligenciar isso pode custar caro.
NR-1 e o PGR (Programa de Gerenciamento de Riscos)
A Norma Regulamentadora nº 1 exige que toda empresa implemente um PGR – e isso inclui riscos psicossociais. O programa deve identificar, avaliar e controlar fatores que impactam a saúde mental.
Lei 14.831/24 – Marco Legal da Saúde Mental no Trabalho
A nova lei obriga empresas a mapear riscos emocionais e implantar medidas preventivas. Ela reforça a responsabilidade do empregador na prevenção de doenças ocupacionais de ordem psíquica.
Lei 8.213/91 – Previdência Social e os afastamentos
Essa lei estabelece o direito ao afastamento e ao benefício previdenciário em caso de doenças do trabalho. Ambientes tóxicos têm sido responsáveis por milhares de casos de afastamento por transtornos mentais, gerando impacto direto no INSS e nas empresas.
Impacto direto para sua empresa
Criar um ambiente saudável:
Reduz afastamentos e melhora a produtividade
Diminui a rotatividade e os custos com novos treinamentos
Evita ações trabalhistas por assédio ou más condições de trabalho
Melhora a imagem da empresa no mercado e nas redes sociais
Conclusão prática: por onde começar
✅ Faça um diagnóstico interno (pesquisa anônima + escuta ativa)
✅ Implante o PGR com foco em riscos psicossociais
✅ Treine líderes para promover respeito, empatia e comunicação eficaz
✅ Crie canais de escuta e denúncia confiáveis
✅ Acompanhe indicadores de saúde e clima organizacional
Empresas saudáveis não acontecem por acaso. São resultado de gestão consciente e ações práticas.
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